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"SÓ SE LEMBRARÁ QUEM HOJE VIVER. SÓ HAVERÁ HISTÓRIA AMANHÃ SE HOJE VOCÊ A ESCREVER"


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O QUE É IMPORTANTE?

Existem mil maneiras de dizer eu te amo
nós é que reduzimos tudo a eu te amo.
Quem sabe um abraço fale de amor
mais do que as palavras eu te amo.
Quem sabe uma atenção incomum
para algo tão simples, mas tão apreciado
por quem quer ser amado.
Que mostre a importância de se acordar
ao lado de quem se ama de verdade.
A muito tempo o antônimo de eu te amo
deixou de ser eu te odeio, para se chamar indiferença,
como o novo visual que não foi notado,
ou o café que não se toma mais juntos
a tanto tempo que ficou normal.
Como aquela indiferença que se faz todo dia
que só é notada na perda daqueles que são importantes.
É porque tudo se resolve com e-mail
mais fácil e barato, mas que não ressalta
a importância de coisinhas tão importantes
que deveríamos dizer e fazer todo dia.
Porém, só depois que tudo fica frio
e as vozes dos mal amados não são mais ouvidas,
as coisinhas sem importância, serão a única lembrança
que substituirá a indiferença por muitos dias.
E os mais indiferentes tendem a chorar mais alto
na hora que a terra cobre aquela coisinha
que era tão importante.

Marcos André

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

SONHOS IMPOSSÍVEIS

Era um cipó crescendo sobre a macieira.
Se enrolando apertado nos galhos da bela planta
estendendo os ramos e entrelaçando-se nela
desejando mais do que jamais será.

Subiu o máximo que pôde no tronco
querendo provar das deliciosas frutas
e tê-las junto com a linda macieira,
contrariando as leis da sábia natureza.

Deliciava-se em sonhar no balanço dos ventos
soprando e fazendo os galhos se encontrarem.
Sonhando em ter maçã como se possível fosse
e a macieira estender cipó para os laços se atarem.

Triste para o cipó que não pode amar a macieira
e para ela que não poderá nunca tê-lo consigo.
Um amor que morre ao nascer e não vinga pra contar
e pra quem contar se todas as tradições os repudiam.

Pobre macieira apaixonada que nunca terá seu amado cipó,
que não compartilhará frutos com ele por ser isso impossível.
Pois logo chegará a foice do agricultor para limpar sua macieira
e arrancará o cipó com violência, ferindo também sua alegria.

Como existem tantos reprimidos corações 
que se enrolaram com as macieiras dessa vida 
com quem nunca terão frutos de verdade,
temendo sempre a foice do cuidadoso agricultor.

Marcos André

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ESPÍRITO SANTO

Entraste assim em minha vida
Chegou em mim de uma vez
Pelo coração ou pela alma
ou estava aqui a vida inteira talvez.
Escrevendo em mim uma história.
Um riso de alegria, um choro incontido,
um gemido inaudível.
O sopro que me fez tremer,
que me mudou pra sempre.
Olhei-me com desprezo
por toda vergonha que havia em mim,
pois tu eras como um espelho em minha mente
denunciando a corrupção oculta.
Mas adentrou-me alegria na alma
pelo sopro suave que me deu vida de novo.
Que ergueu minha cabeça sem medo,
que me fez olhar em volta
e ver aqueles que nunca vi
morrendo o tempo todo logo ali.
mortos andando eu nem via
entendi que eu estava morto e nem sabia.
Mas agora que moves em mim
me mostras o pouco tempo que tenho,
pra gritar que eu já morri.
Pelo menos a velha parte de mim.
Quero ensinar aos que vão morrendo
sobre aquEle que morreu e está vivendo!


Marcos André

domingo, 6 de novembro de 2011

FELICIDADE DO COTIDIANO

A felicidade chegou finalmente
num dia normal como outro qualquer
desses de se fazer tudo igual
mas foi de um jeito diferente.


Uma coisa nova Deus fez
no meio do que já estava velho
ou velho estava eu de tanto repetir
velhas coisas que fazemos todo dia.


De rotina em rotina
tudo de novo e novamente
a alegria se perdendo no desgaste
das atitudes iguais as outras.


Mas a minha felicidade apareceu,
tão própria e particular de mim 
que não dá pra expressar sem detalhes
e sem o exemplo de quem viveu.


Então a felicidade de cada um
pode estar nas coisas ao redor,
que pelo vício de olhar por cima
não vê a novidade no que é comum.


Não vem sem lágrimas ou sorrisos escancarados
ou de boca aberta com certo espanto,
por criticar a velharia e não abrir os olhos
pra ver as coisas novas que Deus faz de vez em quando.


Marcos André


Por uma novidade que vi um dia, mas que acontecia todo dia
porém meus dogmas e paradigmas não me deixava enxergar.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CARTAS DE AMOR

As cartas falam onde não há palavras faladas
Por medo talvez, ou só por timidez
Ou ainda por cansaço das palavras
Que de tantas vezes ditas se tornaram obsoletas.


Elas choram e sorriem nas mãos dos amores
de olhos apaixonados, que escrevem as cores
da juventude alegre de hoje só lembranças
de casa e de escola, das ruas e da infância.


Quantas histórias guardadas em velhos armários,
dos meninos sonhadores de outrora.
Nas cartas empoeiradas, as letras escondidas,
cenas de paixões nas páginas amareladas.


Hoje eu só queria um papel e uma caneta,
pois já desisti de todas coisas pronunciadas.
Porque a história só se vive uma vez
e resto fica por conta das palavras.


Pelos novos amores, rasguei as velhas cartas
sacrificando a história pra investir na vida.
Forçando o coração a jogar as letras fora
de um tempo que a lembrança não apaga.


Marcos André 

sábado, 15 de outubro de 2011

A FORÇA DO SILÊNCIO

Ah, se os homens conhecessem a força do silêncio,
sua profundidade, seu valor, sua paz...
Ah, se as pessoas entendessem que ouvir
produz muito mais do que falar.

Quantas tragédias seriam evitadas,
quantos filhos ainda teriam os pais.
Quantos casamentos seriam restaurados
e quantos filhos ainda teriam os pais.

Quantos amigos ainda estariam conosco
se não fossem as malditas palavras,
que de tantas que foram,   
algumas saíram mal colocadas.

Ah, se o silêncio estivesse mais presente
na boca de alguns santos imprudentes
que dizem de si mesmo, tantas qualidades 
tantas quantas as palavras podem dizer.

Mas o silêncio tem força,
pode ser mortal e sinistro.
Às vezes ele consente, às vezes reprova,
à vezes acusa, outras vezes ele é misterioso.

Quando alguém se cala,
buscam no seu rosto as palavras,
dos gestos uma resposta, do corpo uma mensagem.
Assim o que se cala é observado com atenção.

A palavra dita após o silêncio
é esperada, é ouvida e apreciada.
Se dita após muitas palavras, logo é ignorada
não é atendida e de todo é rejeitada.

O silêncio ouve mais, sente mais
ajuda mais, como um psicólogo que escuta.
O silêncio melhor aproveita, de tudo que a vida dá,
a oportunidade de ficar calado! 

Marcos André

sábado, 8 de outubro de 2011

O FAROL

Na escuridão das águas de minha vida
passei a infância tentando navegar.
As vezes parecia rio, as vezes parecia mar,
outras vezes calmaria e outras, tormenta.


Mas vida seguia assim, como num mar escuro.
Sem destino certo, sem vida sendo vivida.
Sem esperança de viver coisa alguma.
Todos os projetos foram esquecidos.


Não tinha a maior graça da vida.
Viver aquilo pelo qual se pudesse morrer
Eu vivia tudo que desse pra viver.
Finalmente senti que não tinha graça a vida.


Flutuei à deriva toda a juventude.
Gastando as forças sem viver.
Nada produzi, nada conquistei.
Se foram mar afora as amizades que ganhei.


Há quem me dera um farol naquela época.
Não perderia tanto tempo da infância.
Não viveria morrendo sem pressa.
Não teria tanto para me arrepender!


Já agora porém, há uma luz na escuridão do mar.
Estando eu no limiar dessa idade.
Sei que posso agora navegar.
Uma direção agora eu tenho, posso me lançar.
Sei a onde ir, sei onde vou chegar.


Marcos André (Esperando ver o Mestre)