Eram águas que passavam
sobre as maçãs avermelhadas
chegando em minha boca
limpando a expressão envergonhada
O rio que desaguou foi o suficiente
pra levar embora toda a mágoa
e limpar toda a sujeira acumulada
acumulada nos anos de estrada.
No dia em que ele rompeu em mim
tentava eu segurar sua enxurrada
Mas a fonte de minha única tristeza
brotava da alma, cada vez mais água.
Como águas desse rio que vem e que passa
e nunca mais nesse leito retornarão.
derramei também as mesmas águas
por aqueles que nunca mais voltarão.
Como o rio que vai ao mar a desaguar
encontrando outros rios que desaguam por lá.
Achei também outros bons amigos
que choravam juntos a dor de amar.
Assoreado está em mim esse rio
pois não se chora sempre a mesma dor.
Não correrá sempre igual no mesmo leito,
não consigo mais chorar a perda ou o desamor.
Marcos André