Eu ali sem poder sorrir ou chorar chorar
apreciando ou sofrendo
ou sofrendo apreciando
aquele momento único acontecendo.
A geração que viu a válvula eletrônica
mas não sabe nada de internet
a geração que navega na internet
mas nunca viu a válvula de TV.
Eu ali sem lágrimas e sem poder me alegrar.
Tão perto um do outro
mas à duas vidas de distância.
Uma distância que aumenta a cada dia
que o doutor Alzheimer a tempos dizia
Porém ela vai crescer e se casar
E o meu pai me deixando esquecido pra lá
Da válvula à internet
tanta coisa pra lembrar.
Talvez nunca mais eu os veja juntos
cantando assim de novo
Por isso olho atentamente
alegre e tristonho
sorridente e choroso.
Dessa vida não poderei segurá-los
nem a eles e nem a ninguém
e logo serei esquecido também.
Se não fosse meu velho pai
nem eu e nem minha filha
estaríamos por aqui
por isso a melhor herança que deixamos
é passar a inspiração para adiante
boas atitudes dos que de nós vieram antes.
Tudo que vou levar daqui
é a lembrança da canção
de rostos e sorrisos breves
e coração triste de leve
da válvula à internet
são tantas lembranças
umas tristes e outras alegres.
Marcos André