As cartas falam onde não há palavras faladas
Por medo talvez, ou só por timidez
Ou ainda por cansaço das palavras
Que de tantas vezes ditas se tornaram obsoletas.
Elas choram e sorriem nas mãos dos amores
de olhos apaixonados, que escrevem as cores
da juventude alegre de hoje só lembranças
de casa e de escola, das ruas e da infância.
Quantas histórias guardadas em velhos armários,
dos meninos sonhadores de outrora.
Nas cartas empoeiradas, as letras escondidas,
cenas de paixões nas páginas amareladas.
Hoje eu só queria um papel e uma caneta,
pois já desisti de todas coisas pronunciadas.
Porque a história só se vive uma vez
e resto fica por conta das palavras.
Pelos novos amores, rasguei as velhas cartas
sacrificando a história pra investir na vida.
Forçando o coração a jogar as letras fora
de um tempo que a lembrança não apaga.
Marcos André